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  • Foto do escritor(Re)pense Moda

Esse texto é pessoal


Esse texto é pessoal. Explico: minha ideia inicial era escrever uma matéria sobre como pessoas consumistas mudaram seus hábitos de compras para algo mais responsável, mas nas pesquisas por fontes, lembrei que era uma dessas pessoas. Então, por que não relatar meu processo?

Esse texto é pessoal pois estou me expondo. Estou saindo da minha neutralidade jornalística, abrindo o confessionário, mostrando que sou falha e que o processo é lento (por mais que muitas pessoas façam parecer que não). Então...vamos lá!


Vamos voltar atrás. Desde pequena o mundo da moda me enche o olhar. Talvez seja culpa da minha mãe que sempre amou e se arriscou a usar coisas diferentes ou por conta das minhas tias com marcas de acessórios e roupas. Talvez seja pelo meu pai que durante muito tempo foi representante comercial ou quem sabe não seja influência da arte que consumo? Talvez seja por uma dessas coisas ou talvez (e mais certeza que seja) um grande combo disso tudo.


Enfim, essa paixão toda gerou uma ânsia por ter o que via, sabe? Quando pequena, deseja as sandálias da Sandy, imitava os looks da Rouge e queria usar maquiagem que nem minha mãe. Com o tempo, fui encontrando meu estilo, consumindo e sendo influenciada por celebridades da Disney, fazendo pastas e mais pastas de inspirações de street style e red carpet. 2013 chegou. Bangladesh ruiu e minha mente se abriu. Pelo menos começou a se abrir.

Comecei a ver que o mundo da moda não era apenas as coisas lindas que admirava desde pequena. Era também obscuro. Obscuro não apenas pela imposição de padrões, mas também pela situação precária que muitos trabalhadores do nicho vivia. Exploração. Desabamento. Morte.


Nessa mesma época, a vida adulta foi começando a dar suas caras. A faculdade chegou, o primeiro trabalho com comunicação de moda apareceu, e junto o retorno do deslumbramento.

De uma maneira gradual, toda a consciência que o incidente em Bangladesh me trouxe, foi indo embora.


Até que uma amiga apareceu com o livro Moda com Propósito, do André Carvalhal, e me apresentou o Fashion Revolution Brasil. Ali o clique aconteceu novamente e, dessa vez, de modo permanente. Tão permanente que o tema do meu TCC foi consumo consciente na moda. Tão eficaz que meus hábitos começaram a mudar. Da menina que gastava mais do que devia em roupas que eram usadas apenas 2x, comecei a comprar só o essencial. De comprar sem prestar muita atenção, passei a ler as etiquetas das roupas, questionar a durabilidade do material, a versatilidade do modelo e o processo de produção.


Mas aqui, tem dias que a minha natureza consumista grita mais alto.

Tão alto que me vejo em provadores, de lojas que não consumo e não acredito mais, experimentando roupas e mais roupas. Até que eu me lembro que a causa que acredito é maior e vale muito mais do que a peça que estou provando.Tiro e devolvo para as araras. É difícil...

Aprendi nesse processo que tudo bem comprar, desde que tenha um motivo e funcionalidade por trás. Que compartilhar guarda-roupa é uma boa alternativa (que me ajudou até deixar de ser ciumenta com minhas peças, e eu era MUITO). Que os produtos naturais de beleza fazem um bem danado pra minha pele (e para o meio ambiente).


Esse texto é pessoal. É uma síntese de tudo o que venho vivendo nos últimos anos. É um lembrete pra quem está nessa mudança de hábitos e se culpa quando compra mais do que devia (como eu já me culpei!), que tá tudo bem.

Esse texto é pra lembrar que são as pequenas mudanças, são os pequenos passos (para frente e muitos para trás) que vão nos levar em direção a um mundo mais consciente e responsável.

Leva tempo, trabalho e aprendizado. Vamos juntxs!

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