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  • Foto do escritorGabriela Cesario

Autoconhecimento e consumo consciente andam lado a lado

O processo de definir e entender seu estilo é importante para aderir ao slow fashion e não cair na bolha das tendências


Compreenda seu estilo e tenha um guarda roupa com menos peças e mais funcional (Foto Acervo Wix)

Influencers digitais, publipost, lançamento de coleções e sale são palavras presentes no nosso dia a dia, onde somos bombardeados com novidades constantes que nos despertam o desejo de consumir. Algo que “é bem desafiador, principalmente para os mais jovens que não têm tanta noção a respeito disso, não cair em uma lógica de consumo bem desenfreado”, afirma Monayna Pinheiro, docente/coordenadora da área de MODA-SENAC, professora da FAAP da disciplina de Planejamento e Desenvolvimento de Coleção e consultora na área de Desenvolvimento e Gestão de Produto.


A moda enquanto tendência é até legal, bonita e acessível mas está fora de sintonia com a nova geração. Explico: os millennials, enquanto consumidores, estão mais preocupados em consumir experiências e propósitos do que a última peça tendência: “Traz muito o viés de um consumidor que quer entender o sistema produtivo, e não quer estar passivo em relação ao papel de comprador. Ele quer entender o passo a passo da produção e ter uma percepção de quais são os valores da empresa que está consumindo. Tem muito a ver com a conscientização do slow fashion, do slow design”, comenta Monayna.


Paula Salvador, 24, natural de Criciúma (SC), é jornalista, consultora de estilo formada pela Oficina do Estilo e millennial. Ela descobriu seu estilo e (re)descobriu como consumir em 2013, quando começou a trabalhar com moda e, consequentemente, a ter uma imagem visual de profissional que entendia o que estava fazendo. “Comecei a trabalhar no ramo e não entendia muito, então estava muito envolvida com as tendências... Fiz muitas compras erradas e ficava muito frustrada, pois depois de um tempo via que aquela roupa não tinha muito a ver comigo”.

O autoconhecimento é indispensável para quem está buscando se adaptar a uma novo estilo de vida revendo hábitos cotidianos. Para Monayna, além de ser um processo de rever peças e dar prioridades para aquilo que você realmente utiliza, é uma maneira de se tornar menos fashion victim.


Saber como usar as roupas de forma consciente, diversificada e a seu favor é algo que demanda tempo e paciência. Paula está aí para provar. A catarinense começou a refletir em relação ao consumo quando leu o livro Vista quem você é, de Cris Zanetti e Fê Resende, e, como consequência, passou a entender o processo de consumo na moda, onde as roupas muitas vezes são descartáveis, e porque conhecer o seu estilo pessoal ajuda na hora de comprar peças com maior durabilidade e que funcionam muito bem no seu dia a dia. Afinal, segundo Paula, o que você veste diz muito sobre você e suas experiências diárias.


Conhecida em grupos de discussão sobre moda e beleza no Facebook e com mais de 62 mil seguidores no Instagram (até o fechamento dessa matéria), Paula utiliza a ferramenta stories para difundir a importância de saber qual a sua paleta de cores, as peças-chaves e maneiras diferentes de utilizar uma única peça de roupa. Fotografar os looks é uma das formas de descobrir as diferentes funcionalidades de uma peça, pois é algo que exercita a imaginação e nos ajuda a evitar o consumo exacerbado, experiência que causam situações inusitadas na vida de Paula: “No meu trabalho, uma pessoa não percebeu que eu estava usando a mesma roupa todos os dias e disse ‘nossa, que legal que ficou!’. Eu comentei que estava com a mesma peça a semana inteira (por conta do desafio 1 peça 5 looks). Como ela não havia visto nenhuma foto que postei, ficou surpresa com o resultado”.


O processo de compreender seu visual pode ser agilizado com a Consultoria de Estilo, que, segundo Monayna, “é uma das estratégias que proporciona ao cliente saber qual roupa vai traduzir melhor seu lifestyle, pensando na questão do biotipo e no estudo da colorimetria”, promovendo ferramentas importantes para a hora de consumir, pois apresenta “uma forma de você comprar uma roupa que se sinta bem, não uma roupa que às vezes passe uma ideia, uma formalidade que não tem nada a ver com seu estilo”, completa.


Ao entender a lógica de consumo e nosso estilo, começamos a pensar de maneira mais slow, como Paula que com o passar do tempo já se via comprando de maneira responsável automaticamente, questionando a funcionalidade que as peças teriam em seu guarda-roupa. Com as mudanças de hábitos no consumo, muitas lojas e marcas começaram também a rever seu processo de produção, algumas inclusive procuraram Monayna para auxiliá-las nessa metamorfose de fast fashion para slow fashion: “Para conseguir desenvolver uma coleção dentro do slow fashion, primeiro é preciso ter uma noção do que é o movimento, quais são as implicações do ponto de vista produtivo, repensar a produção da cadeia, a matéria-prima e mão de obra”. Segundo ela, é necessário estudar bastante, questionar se sua empresa está preparada para fazer uma transição de modus operandi, para enfim poder afirmar que sua marca é coerente e consegue estar inserida nesse meio, “senão você pode se apropriar de um movimento que chama greenwashing, onde usa-se uma linguagem ou um selo verde mas não necessariamente sua marca reflete isso”, completa a consultora.

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