Na semana passada, a Flavia Aranha fez um post no Instagram que me inspirou para este texto.
Sou fã do trabalho dela – para quem não a conhece, ela é uma das pioneiras em moda sustentável no Brasil, trabalhando com tingimento natural –, e achei de uma humanidade ímpar esse olhar para si e questionamento a respeito do seu trabalho e prática. Às vezes, estamos tão dentro do nosso mundo que não enxergamos nossas próprias ações.
Quem trabalha e∕ou exerce o consumo consciente passa por dois tipos de “brigas”: as internas e externas.
A primeira diz respeito aquelas do desejo versus o que acreditamos. Diante de um mundo em que o incentivo ao consumo acontece a todo momento, nem sempre é fácil dizer não, até porque nosso consumo está ligado a outros fatores – como a Flavia colocou de carinho ou aquela peça que fica incrível.
Então, de algum modo, nos trazemos questionamentos a todo momento. E isso pode gerar um quadro complicado de cobrança excessiva em estar dentro do padrão “consumo consciente” ou se colocar dentro de uma mudança tão radical que não consegue dar conta e passa a rejeitar porque acha impossível praticá-lo.
Por isso, que a escolha por um consumo consciente, deve ser feita aos poucos. Devagar. Não se obrigar a de um dia para o outro fazer tudo o que manda a “cartilha”. Mas ir aos poucos, primeiro, talvez pensando nas peças e depois nas lojas. Ou começando pelo armário, cada um sabe o seu.
A pressa não ajuda ninguém. E isso leva as brigas externas.
Estamos em uma sociedade um tanto controladora e literal. Aquela pressão: se você tem como valor o consumo consciente, então, isso tem de estar presente o tempo todo e para tudo em sua vida. E isso não é possível.
Porque somos humanos e, como tais, não somos 100% em nada. Por isso que todas essas “cobranças” nos fazem mal. Parece que estamos errando, nos sentimos pra baixo, incapazes, quando o problema numa exigência inalcançável que nos colocamos.
É preciso ter calma e paciência. Consigo e com o outro. Aprender a se enxergar, a seu contexto e o que está ao seu alcance. Ver as possibilidades que te colocam dentro do consumo consciente, como é possível, trazer para a sua vida.