Eu tenho amor por upcycling. Mas a minha primeira experiência demorou alguns anos para acontecer.
Em 2013, fiz uma limpa no meu armário e deixei uma sacola de roupas separadas para mexer que ficou guardada por três anos quando, finalmente, consegui transformar a primeira peça. E, logo, todas foram transformadas.
Para quem não sabe, upcycling é o processo de criar algo novo a partir de algo que já existe. É um processo de transformação, reaproveitamento e muita criatividade. Diante de um mundo que nos deixa no modo automático, o upcycling se mostra como uma oportunidade de descoberta para o que aparentemente já não nos serve.
É o aprendizado de dar novos significados ao que já existe.
Uma das pioneiras da moda upcycling é a Comas, comandada pela uruguaia Agustina Comas, utiliza camisas masculinas para a construção de vestidos, saias, calças e blusas femininas.
A Gabriela Mazepa questiona a lógica do sistema produtivo da moda e considerando moda e roupa como produção de subjetividade e indicativo do contemporâneo promove novas formas para as peças existirem. A estilista identifica a marca como um laboratório de produção de roupas e ideias que prezam pelo ambiente criativo e pela criação de cultura.
Conheci a Adriana Costa quando fui entrevistá-la para o blog do Desguarda Roupa, há três anos. Na época, as bolsas eram confeccionadas a partir de caixas de leite e amostra de tecidos doados por uma representante da industria têxtil.
Após uma reestruturação da marca, a marca passou a usar o Banco de Tecido para praticamente tudo. Os tecidos que tinham em casa foram pagamento para os novos adquiridos – até hoje ela não gastou dinheiro para a compra de “novo” material – assim como também os aviamentos.
Para quem não sabe, o Banco de Tecido é um lugar onde todas as pessoas podem depositar seus tecidos e eles são vendidos ou trocados por outros. Assim, tem-se o reaproveitamento da matéria-prima, contribuindo para seu novo uso e sem precisar de mais produção.
Economia Circular
A parceria da Ágama com o Banco de Tecido ilustra muito bem o que é economia circular – conceito que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.
O Banco de Tecido disponibiliza os tecidos que sobram da indústria têxtil e de pessoas que, muito provavelmente, teriam como fim o lixo (ou lixões) ou incinerados. Ele funciona de duas formas, da tradicional compra e venda. E, também, a partir da troca que é o que permitiu a Adriana Costa não gastar até agora um real lá.
Ela leva seu material (tecidos e aviamentos) para lá onde são avaliados e se transformam em crédito usados para pegar as novas matérias-primas para sua coleção. Fechando assim ciclos, sem desperdício.