Para a maioria de nós, o vestir é algo comum. Talvez até banal ou fútil para alguns. Mas a maioria de nossas escolhas diz muito a respeito sobre nós, nossos valores e nosso projeto de mundo ou vida. E isso inclui também a roupa que compramos e usamos.
Atualmente, temos tanta informação e somos, a todo momento, bombardeada com novidades que não é fácil, pelo contrário, é um tanto desgastante e exige um bocado de nós. Ao ponto, em que de vez em quando tudo o que queremos é ficar quietinhos e confortáveis no nosso cantinho (bolha) ou curtir sem pensar em nada.
De certo modo, estamos num mundo em que é feito para querermos o mais fácil ou o que nos dê menos trabalho sem pensar nas consequências. O problema é que uma hora ou outra, a conta chega. E a dessa forma de vida está chegando.
Apenas quando me mudei para São Paulo, há quatro anos, pude entender e realizar o impacto das políticas públicas na minha vida, o quanto as decisões dos políticos influenciam diretamente a nossa. Foi essa percepção que me levou a uma visão holística da vida, de mundo. Dentro da visão holística, é claro e evidente que o vestir é um ato político porque a escolha da roupa está ligada com algo muito maior do que apenas o seu uso. É como ela foi feita, por quem, em quais condições, como comprei e até o porquê de ter comprado.
Ao optar por comprar em brechó, estou contribuindo para o mercado de segunda mão e por trás disso significa, por exemplo, menos uma roupa a ser incinerada ou que irá para aterro. Ao preferir um pequeno produtor justo, sei que estou destinando meu dinheiro para um trabalho feito de forma ética. Estou dizendo que não concordo com a forma de trabalho (seja no ambiental, pessoal ou ambas) de grandes corporações, por exemplo.
De alguma forma, estou dizendo que quero mudança, acredito num mundo mais do compartilhamento, menos desigual. E todos esses pequenos significados por trás de nossas escolhas são nossos pequenos atos políticos. Somos nós dizendo para o mundo a influência que quero ter sobre ele e que tenha sobre mim.