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  • Foto do escritorNádia de Mello

Upcycling: como fazer?

Há algumas semanas, comentei aqui sobre o meu amor pelo upcycling. Mas agora vou falar um pouquinho mais sobre ele e os diversos processos que o envolve.


O upcycling de uma roupa pode ser feito de diversas maneiras. Por exemplo, como a Dri faz na Ágama, que é pelo reaproveitamento de tecidos, ou da Comas e Re-roupa, que costumam utilizar partes da estrutura da peça para criação de outra. O meu processo é diferente destes. Na Metamor, minha marca de upcycling, costumo desmanchar todas as peças para com elas, pensar nas possibilidades de novas peças possíveis.


A minha relação com a moda espelha muito minha relação com o viver. Lembro quando fazia faculdade e falei para minha mãe que era através das roupas que via e compreendia o mundo. Assim, como faço com as peças, na vida, me desconstruo e (re)construo.


Primeira peça

Demorei cerca de três anos para transformar minha primeira peça. Em 2013, mudava de casa e aproveitei para fazer aquela limpa no armário. Separei duas sacolas com peças de que amava e gostaria de transformar.


Voltaram para o fundo do armário e por lá ficaram por mais três anos, quando, vi alguns posts no Facebook e me animei. Pensei: ‘é agora’!


Um processo que a gente faz com muitas coisas na nossa vida. Quem nunca prometeu começar a fazer exercícios e ficou adiando? Ou a procurar um trabalho que gostasse mais? É o mesmo processo.


Porque ao modificar uma peça é preciso ter uma ideia do que você quer e∕ou do que você não gosta nela. Para saber o que mudar. E, para isso, é bom saber qual(is) tipo(s) de caimento melhor fica no seu corpo, o estilo que acha mais legal, entre outras coisas.


No fundo, cada peça modificada é um olhar cada vez mais profundo sobre si. Sobre o seu corpo. Sobre os gostos, hábitos e costumes. E foi por isso que adiei por alguns bons anos para modificar a minha primeira peça.


Aprendendo com os erros

Imagem de Anna Ventura por Pixabay

Após a primeira peça, me empolguei e transformei toda a sacola. Na maioria, eram alguns ajustes, mas algumas foram mudanças completas.


Neste meio tempo, também passei a trabalhar em um negócio de upcycling, voltado para serviços e projetos com o objetivo de propagar esse processo. E aí, meio que comecei a errar. Porque se trabalhava com isso, precisava ser coerente, certo?


Então, toda peça que tirava do armário que não usava achava que tinha de transformar. O que foi um grande erro porque algumas peças realmente não tinham mais nada a ver comigo. Tanto que não sabia o que fazer com elas e pedi para costureira criar da cabeça dela, do que conhecia de mim.


Deu certo uma vez. As outras, não. E aí, eu acabei colocando para doação. O que poderia ter feito desde o início porque já sabia que não queria. Mas na pressão (interna) de faço parte disso, então, tenho que ser exemplo, não fui exemplo de nada. Pelo contrário, até fugi da responsabilidade que, hoje, aprendi que é o mais legal e importante do upcycling, é a criação.


Processo criativo

Imagem de Bruno Glätsch por Pixabay

Eu tenho raciocínio lógico, sempre fui boa em matemática, embora meus estudos sejam voltados para a área de humanas. Mas não me achava criativa e foi com o upcycling que aprendi sobre como tinha uma impressão errada sobre mim.


O processo é criativo em todos os níveis: de olhar a peça e pensar qual roupa poderia ser feita, se é possível fazer com o que tem disponível, ou melhor, como fazer esta roupa imaginada. De que forma aproveitar a peça para desfazê-la e refazer a outra. Como cortar e juntar os novos pedaços. De que forma trabalhá-los.


Assim como fazemos com a gente, com a vida.

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